Dalai Lama é um líder espiritual do Tibete, atualmente com 87 anos, que detém grande influência na filosofia budista e na política tibetana que defende o movimento de autonomia do Tibete. Dalai Lama encontra-se exilado desde a revolta tibetana de 1951 e vive no subúrbio de Dharamsala, na Índia, em McLeod Ganj.
A polêmica em torno do ato pedófilo cometido recentemente pelo Dalai Lama gerou muitas reações nas redes sociais, em sua grande maioria desfavoráveis. Em meio a uma audiência pública, no local onde vive exilado, o líder budista recebeu uma criança e após poucos minutos de conversa, pediu a ela que “chupasse sua língua”, ato realizado pela criança.
Esse ato pedófilo causou indignação, críticas e até mesmo ojeriza pela grande maioria das pessoas que assistiram à cena dantesca. Diversas organizações de defesa da criança, direitos humanos, assim como, agências humanitárias e ONGs de apoio a violência e abuso infantil, se manifestaram fortemente contra o episódio, solicitaram ações protetivas à criança envolvida e penalidades ao Dalai Lama. Nas redes sociais, o evento gerou críticas dos internautas que classificaram a atitude como “nojenta” e “absolutamente doentia”.
Não é a primeira vez que o Dalai Lama se envolve em episódios controversos. Em 2019, ele se desculpou por ter realizado um comentário machista e sexista em entrevista à BBC, onde disse que, “caso uma mulher venha a me suceder, ela precisa ser atraente”.
Novamente, Dalai Lama se vê em situação constrangedora com a necessidade de pedir desculpas. Ele se desculpou pelo ato pedófilo e disse que se arrepende. Demais líderes budistas e tibetanos disseram não haver nenhuma questão cultural acerca do ato realizado pelo Dalai Lama, e que fazer uma criança “chupar a língua de líderes” não faz parte da filosofia budista e de nenhuma de suas filosofias e seitas religiosas.
Em sua conta oficial do Twitter, Dalai Lama disse que o pedido foi feito em tom de brincadeira, como uma forma de interagir de forma inocente e bem-humorada diante das câmeras.
Situações como essas nos fazem refletir sobre o papel de líderes religiosos na sociedade contemporânea, assim como, observar os valores sociais e humanos que fazem parte das seitas e religiões. É fundamental refletirmos se um ato pedófilo pode ser justificado por ser apenas uma inocente brincadeira.
A sociedade está cada vez mais atenta às questões de respeito ao ser humano, respeito às crianças, mulheres, pessoas com necessidades especiais, obesos, respeito à identidade de gênero e a idosos. Neste contexto, não é aceitável que um ato como esse seja aceito como mera brincadeira, sob pena de começarmos, como sociedade, a ter que aceitar atitudes pedófilas, criminosas, homofóbicas, xenofóbicas dentre outras, apenas por terem sido “uma brincadeira inocente”.
É necessário haver algum tipo de penalização neste caso para demarcar os limites de aceitação social desse tipo de atitude, seja cometida por quem for. Imaginemos se algum político tivesse feito isso? Ou um astro do cinema? Por que com um líder religioso, seja da seita ou religião que for, a penalidade se daria de forma diferente?
Colunista de assuntos culturais do UDataNews