O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) pretende se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro nas próximas eleições municipais, com o apoio de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e lideranças do PL. Para se tornar a alternativa do bolsonarismo ao atual prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ), que buscará a reeleição, Flávio enfrenta uma disputa interna dentro do partido.
O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, braço direito e avalista de Bolsonaro no partido, afirma que a sigla deve “lutar” para que Flávio seja eleito para governar o Rio. No entanto, a indicação enfrenta resistência dentro do diretório estadual.
Valdemar Costa Neto declarou na inauguração do diretório do PL em Niterói, na última sexta-feira, que o partido “vai lutar para que Flávio seja prefeito da cidade do Rio de Janeiro. Ele tem tudo para isso. Será muito bom para o nosso partido“. Pelo menos três setores no PL disputam a futura indicação do partido para a eleição carioca: um liderado pelo comando nacional, outro por dirigentes locais do partido e um terceiro mais próximo ao governador Cláudio Castro (PL-RJ). Valdemar já comunicou a Castro que Flávio é o nome mais forte, conforme divulgou a Coluna do Estadão.
Membros do PL afirmam que o partido ainda trabalha com outros dois nomes no estado: o general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022, e o deputado federal Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde.
Um dos preferidos do governador Cláudio Castro, o secretário de Saúde, Dr. Luizinho (PP-RJ), busca se viabilizar como possível candidato apoiado pelo PL na disputa municipal, em coligação. No entanto, essa alternativa encontra resistência por parte do presidente estadual da legenda, deputado Altineu Côrtes, que defende Braga Netto como melhor candidato.
Castro e Côrtes tiveram desentendimentos durante as articulações para a disputa da presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). No início deste ano, o governador do Rio tentou assumir o comando do PL no estado após Côrtes articular uma candidatura alternativa à de Rodrigo Bacellar (PL), homem de confiança de Castro no parlamento.
Valdemar não entregou o partido ao governador, mas conseguiu manter Castro no PL sob a liderança de Altineu Côrtes. A ala bolsonarista do partido resiste à possibilidade de apoio do governador a Luizinho na disputa pela Prefeitura do Rio em 2024.
O PL aposta no “recall” da votação do ex-presidente Jair Bolsonaro na capital fluminense. Em 2022, em sua tentativa frustrada de reeleição, Bolsonaro venceu na cidade, com cerca de 53% dos votos. Isso faz de Flávio a maior ameaça à reeleição de Paes. Em 2016, o agora senador ficou em quarto lugar, com 14% dos votos válidos na cidade.
Eduardo Paes e PT
Para pavimentar seu caminho rumo à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar o candidato da direita bolsonarista, Eduardo Paes investe na política e no orçamento. O prefeito carioca aposta na retomada da aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e busca uma aproximação com Castro.
A relação de Paes com o atual presidente voltou a se fortalecer na campanha do ano passado. O embarque do PT de Lula no governo municipal foi aprovado pelos diretórios municipal e estadual da legenda. Apesar de Paes evitar o início das discussões sobre a campanha de 2024, o apoio do partido e do presidente Lula são dois dos principais ativos do prefeito em uma disputa contra o candidato do clã Bolsonaro, que tem o Rio de Janeiro como berço político.
O prefeito ainda busca o apoio do União Brasil, partido cortejado pelo PL e por aliados de Bolsonaro. O partido do ex-presidente já trabalha para fortalecer nomes que sejam capazes de disputar a Prefeitura do Rio em 2024.