A vitamina D é um composto que tem gerado muitas polêmicas no meio científico acerca de suas capacidades reais de eficácia e importância para a saúde. Apelidada de “vitamina milagrosa”, a vitamina D divide a opinião de médicos e cientistas. Enquanto alguns afirmam suas propriedades para prevençao de doenças e fortalecimento do sistema imunológico, outros são categóricos em afirmar que seu uso é desnecessário e altas dosagens podem incorrer em risco à saúde.
A vitamina D é um nutriente natural do corpo humano, responsável por absorver cálcio e fósforo, essenciais à saúde dos ossos. A vitamina D tem sido muito associada também à prevenção de doenças crônicas como cardiopatias, diabetes, esclerose múltipla e alguns tipo de câncer.
Nosso corpo extrai a vitamina D, principalmente, por meio da exposição à luz solar. Quando, principalmente, a pele dos braços, mãos e rosto são expostar aos raios ultravioleta do tipo B (UVB), a pele sintetiza a vitamina D de modo natural, a partir do colesterol presente na camada da pele.
Entretanto, isso não ocorre da mesma forma para todos os indivíduos. Algumas pessoas não conseguem sintetizar quantidades suficientes da vitamina D mesmo com alta exposição solar. Outras não sintetizam quantidades suficientes por viverem em regiões de menor exposição solar ou por passarem longos período em ambientes fechados.
Estas tem sido as principais justificativas para se suplementar a vitamina D e o motivo de a tornar muito popular. Dados do Instituto de Pesquisa de Mercado Mintel apontam que as vendas de suplementos de vitamina D aumentaram em 34% nos Estados Unidos entre os anos de 2014 e 2018. Entretanto, a eficácia e a dosagem correta ainda são alvo de estudos e discussões entre especialistas.
Existem pesquisas científicas que apontam a suplementação com vitamina D como um meio para reduzir o risco de doenças crônicas, assim como, fortalecer consideralmente o sistema imunológico. No entanto, outros estudos alertam para os riscos das dosagem excessivas, que podem constatadamente afetar a função renal.
O Journal of the American Medical Association (JAMA) publicou um estudo em 2019, com a análise de 25 ensaios clínicos randomizados com mais de 11 mil participantes. A conclusão foi a de que a suplementação com a vitamina D não reduziu de modo significativo o risco das doenças cardiovasculares, derrames, diabetes, câncer ou infecções respiratórias. De modo que o malefício superou seu benefício na maior parte dos casos analisados.
Adicionalmente, especialistas alertaram neste estudo, de que dosagem altas da vitamida D poderia ser prejudicial ao organismo por sobrecarregar a função renal. De acordo com a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, a dose recomendada para um uso diário dessa suplementação, para adultos, seria de 600 a no máximo 800 UI (Unidades Internacionais) por dia. Entretanto, são encontrados no mercado, para compra direta, sem receita médica, suplementos com doses muito mais altas como 5 mil, 10 mil e até 20 mil UIs por cápsula.
Os pesquisadores da JAMA alertaram para os sintomas da overdose por Vitamina D. Estes incluem náusea, vômito, perda de apetite, constipação, fraqueza muscular e dor nos ossos, podendo levar a danos nos rins e nos tecidos moles do corpo.
Por outro lado, são inumeráveis os relatos e casos clínicos de pacientes “salvos” pela suplementação da vitamina D. Um abordagem terapêutica que tem sido aplamente discutida é a do Protocolo Coimbra. Esse é um tratamento que envolve doses altas da vitamina D, associadas a outras vitaminas e minerais, para tratar doenças autoimunes, aquelas com resposta inflamatória Th17 como esclerose múltipla, lúpus, artrite reumatóide e uma lista de mais de 100 doenças.
Esse tratamento foi idealizado pelo médico neurologista, PhD e professor da Universidade Federal de São Paulo Dr. Cicero Galli Coimbra. Dr Coimbra é figura reconhecida e respeitada mundialmente por suas pesquisas e evidências científicas acerca da suplementação com vitamina D.
O tratamento idealizado pelo Dr. Coimbra consiste na administração de altas doses diárias de Vitamina D, que variam de 10 mil a 200 mil UI, a depender da situação clínica do paciente. Segundo o Dr. Coimbra, o protocolo já foi aplicado em milhares de pacientes com resultados positivos.
“Quando começamos com a vitamina D e verificamos que é eficaz, fizemos uma escolha de vida. Nós deixamos o academicismo para trás – essa coisa de drogas para lá, drogas para cá, lançamentos de drogas nos EUA, testes de novas drogas, sucessos supostamente satisfatórios. Colocamos tudo de lado e pensamos apenas no interesse do paciente, que estava lá, em nosso consultório, naquele momento.” D. disse o Dr. Cicero Galli Coimbra
Dr. Coimbra iniciou suas pesquisas ao identificar em diversos estudo científicos, a evidência de que a vitamina D estimula a produção de substâncias regenerativas no cérebro. Então, em 2001, ele começou a administrar vitamina D em doses fisiológicas (10 mil UI / dia ) para pacientes com doença de Parkinson. Essa dose é a quantidade que nosso próprio corpo produz quando exposta a poucos minutos do sol. Um dia, um paciente voltou para uma consulta de retorno após 3 meses tomando 10 mil UI / dia. Esse paciente também sofria de vitiligo, uma doença auto-imune, e o Dr. Coimbra percebeu que uma grande lesão que o homem tivera em seu rosto na visita anterior estava pouco visível. A lesão quase desaparecera em apenas alguns meses de administração da vitamina D.
Ao pesquisar na literatura médica os efeitos da vitamina D no sistema imunológico, Dr. Coimbra encontrou um número significativo de artigos publicados que indicam um importante papel imunorregulatório da vitamina D. Como a esclerose múltipla é a doença auto-imune neurológica mais comum, ele começou a prescrever vitamina D para pacientes com EM. Esse foi o início do que hoje é conhecido como o Protocolo Coimbra.
Com o passar dos tratamentos e estudos clínicos, o Dr. Coimbra observou uma notável melhora na grande maioria de seus pacientes. A partir daí, as doses foram aumentadas, sempre apoiadas por exames laboratoriais para garantir que os pacientes não experimentassem efeitos colaterais. Os resultados foram que muitos desses pacientes se encontravam completamente livres dos sintomas e manifestações da doença.
“Ver pacientes com esclerose múltipla voltando a uma vida normal, jovens que não correm mais risco de ficarem cegos ou paraplégicos – essa experiência dá grande satisfação ao médico que tem esse pacientes sob seus cuidados. Isso é muito gratificante.” disse Dr. Cícero Coimbra
Entretanto, a controvérsia se impõem. Por um lado temos acadêmicos mais tradicionais, propensos a usos de drogas farmaceuticas de grandes laboratórios, a se posicionarem contra os tratamentos e às inegáveis evidências de sucesso do uso da vitamina D. E de outro lado, temos especialistas tão renomados quanto, a evidenciarem casos de remissão de doentes com EM.
Como pacientes, só nos resta ansiar pela constante evolução das pesquisas. E desejar que cada vez mais recursos governamentais para pesquisa e desenvolvimento sejam direcioandos a estes tipos de estudos. Os recursos de governos podem permitir que estes tipos de pesquisa sejam realizadas sem a interferência e o financiamento das grandes farmacêuticas e laboratórios que possuem sua parcela de interresse na venda de seus medicamentos de custos exorbitantes, em relação a um tratamento de custos baixos, com grandes evidências de sucesso, como a suplementação da vitamina D.