O governo chinês alertou neste domingo que um conflito com os Estados Unidos é inevitável se Washington não mudar sua abordagem em relação à China, em meio a uma crescente tensão entre as duas maiores economias do mundo.
O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, fez o alerta durante uma coletiva de imprensa em Pequim, em que também criticou as políticas dos Estados Unidos em relação a Taiwan e Hong Kong.
“Se os Estados Unidos seguirem o caminho atual, sem corrigir seus erros, haverá com certeza conflitos e confrontos entre China e Estados Unidos, e nem a China nem os Estados Unidos serão capazes de sair ilesos“, disse Wang.
A tensão entre os dois países tem crescido nos últimos anos, especialmente sob o governo de Donald Trump, que adotou uma postura mais agressiva em relação à China. O atual governo de Joe Biden também tem mantido uma abordagem dura em relação a Pequim, especialmente em questões como direitos humanos e comércio.
Wang disse que a China está comprometida com a cooperação e a diplomacia, mas que não irá tolerar interferência estrangeira em seus assuntos internos, como a questão de Taiwan.
“Os Estados Unidos devem respeitar o fato de que Taiwan é parte inalienável do território chinês e que a questão de Taiwan é uma questão interna da China“, disse Wang.
Ele também criticou as sanções dos Estados Unidos contra funcionários chineses envolvidos em questões de Hong Kong, afirmando que são uma “intromissão flagrante nos assuntos internos da China“.
As tensões entre China e Estados Unidos também se intensificaram em relação a questões comerciais. Os dois países têm travado uma guerra comercial desde 2018, com tarifas impostas por ambos os lados sobre produtos importados.
Wang afirmou que a China está comprometida com o multilateralismo e a abertura ao comércio, mas que não irá tolerar práticas comerciais desleais por parte dos Estados Unidos.
“Os Estados Unidos precisam abandonar sua mentalidade de Guerra Fria e se opor a qualquer tentativa de dividir o mundo em blocos ideológicos“, disse Wang.
Ele também pediu que os Estados Unidos trabalhem com a China para resolver questões globais, como a mudança climática e a pandemia da COVID-19.
As declarações de Wang foram feitas após uma reunião de dois dias do Parlamento chinês, que aprovou uma série de medidas destinadas a fortalecer o controle de Pequim sobre Hong Kong e a aumentar o poder do Partido Comunista na governança do país.
Entre as medidas aprovadas está uma mudança nas regras eleitorais de Hong Kong, que tornará mais difícil para a oposição conquistar assentos no Conselho Legislativo da cidade.
A mudança foi criticada por grupos pró-democracia em Hong Kong e por governos ocidentais, que afirmam que ela mina a autonomia e os direitos civis da cidade.
A China, por sua vez, defende que as mudanças são necessárias para garantir a estabilidade e a segurança de Hong Kong e que respeitam a fórmula “um país, dois sistemas”, que governa a cidade desde a transferência de soberania do Reino Unido