A Polícia Federal divulgou o início de uma investigação contra grupos de aliciadores de jovens no estado de Roraima, que têm como alvo adolescentes no Território Yanomami. De acordo com informações da investigação, os aliciadores oferecem convites de emprego para adolescentes, muitas vezes sem revelar as reais condições de trabalho, que incluem exploração sexual de menores em garimpos ilegais.
Não há confirmação ainda se a motivação das ações se deram por meio dos achados do inquérito sobre a fala da atual Senadora Damares Alves, que proferiu graves denúncias sobre exploração sexual infantil na região, no ano passado.
As vítimas, na maioria jovens da região Norte e da Venezuela, são transportadas em viagens que podem chegar a 1.900 km, sem saber que terão que quitar dívidas geradas durante a viagem em ouro, o que pode gerar uma dívida inicial de cerca de R$ 3 mil. As condições de vida no local também são degradantes, com quartos feitos de lona e falta de higiene pessoal, sendo que um único item pode chegar a custar R$ 100.
A investigação apontou que as menores de idade já chegam endividadas e são forçadas a trabalhar para pagar as dívidas. Algumas dívidas podem chegar a R$ 10 mil, o que as impede de sair da região. Segundo a delegada Marianne Rodrigues, que está à frente do caso, as jovens são coagidas a continuar na região e são obrigadas a pagar pela viagem de volta para casa.
Até o momento, foram resgatadas três vítimas, de 15, 17 e 19 anos. Os aliciadores, que na maioria são de outros estados como Maranhão e Pará, cobram uma fortuna pelo transporte das vítimas e ainda obrigam a que arquem com os custos de sua estadia e despesas pessoais. Além de estupros e outras violências, algumas menores são obrigadas a trabalhar como prostitutas para pagar dívidas que acabam acumulando até o ponto em que não conseguem mais sair da região.
A PF está intensificando as investigações contra a exploração sexual nesses garimpos ilegais e identificou novas organizações criminosas voltadas para este tipo de prática. Dois aliciadores já foram presos e outros estão sendo procurados. As vítimas resgatadas recebem suporte da PF, conselhos tutelares, além de apoio psicológico e financeiro. A exploração sexual é uma prática ilegal e viola os direitos humanos, sendo necessário que medidas sejam tomadas para garantir a segurança e bem-estar dos adolescentes.