O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem abrigado aliados em cargos estratégicos de empresas públicas para garantir controle nas decisões e incrementar as remunerações de ministros e executivos. No ano passado, as 77 empresas públicas brasileiras repassaram R$ 14,6 milhões em honorários e jetons para 460 pessoas. Os valores pagos não são revelados, o que torna o gasto ainda maior.
As primeiras alterações no governo Lula foram realizadas no Conselho de Administração do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), após a renúncia de seis nomeados pelo governo de Jair Bolsonaro. Um conselheiro do BNDES recebe R$ 8,1 mil para reuniões mensais, além das extraordinárias.
Entre os novos membros da equipe estão a ex-ministra de Meio Ambiente Izabella Teixeira, que atuou no segundo mandato de Lula e no governo de Dilma Rousseff, e o climatologista Carlos Nobre. A entrada deles, segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, visa a uma “transição ambiental” no banco.
Jean Keiji Uema, chefe da assessoria especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República e ex-assessor do gabinete da liderança do PT no Senado, também virou conselheiro do BNDES. Além dele, Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal escolhido pelo ministro da Economia, Fernando Haddad, chefiou a Secretaria de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de São Paulo na gestão de Haddad.
Os governistas já preparam substituições em outros conselhos. Na Itaipu Binacional, indicações de Jair Bolsonaro devem perder em breve os cargos com remunerações de R$ 34 mil para encontros bimestrais. As vagas de conselheiros das empresas costumam ser entregues a ministros e executivos provenientes da iniciativa privada para incremento salarial.
Os jetons não são considerados salário e, por isso, não entram nos cálculos de teto salarial, equivalente à remuneração mensal de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que passará a R$ 41,6 mil a partir de abril.
Juscelino Filho, chefe da pasta das Comunicações, assumiu a presidência do Conselho Deliberativo da Fundação Sistel de Seguridade Social, o fundo de pensão complementar dos trabalhadores das empresas de telecomunicações.
Por ser uma entidade privada, a remuneração dos membros do conselho não é pública. Deputado licenciado do União Brasil do Maranhão e sem expertise no ramo das telecomunicações, Juscelino Filho entrou na vaga da Telebras.